Doenças crônicas não transmissíveis e mudanças nos estilos de vida durante a pandemia de COVID-19 no Brasil
Malta, Deborah Carvalho; Gomes, Crizian Saar; Barros, Marilisa Berti de Azevedo; Lima, Margareth Guimarães; Almeida, Wanessa da Silva de; Sá, Ana Carolina Micheletti Gomide Nogueira de; Prates, Elton Junio Sady; Machado, Ísis Eloah; Silva, Danilo Rodrigues Pereira da; Werneck, André de Oliveira; Damacena, Giseli Nogueira; Souza Júnior, Paulo Roberto Borges de; Azevedo, Luiz Otávio de; Montilla, Dalia Elena Romero; Szwarcwald, Célia Landmann
Objetivo: Comparar as mudanças de estilos de vida durante a pandemia COVID-19, segundo a presença
ou não de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em adultos brasileiros. Métodos: Estudo transversal,
com dados da pesquisa ConVid — Pesquisa de Comportamentos, realizada entre abril e maio de 2020.
Avaliaram-se as variáveis estilo de vida e presença de uma ou mais DCNT (diabetes, hipertensão, doença
respiratória, doença do coração e câncer). As características sociodemográficas foram usadas como ajuste.
Calcularam-se as frequências relativas e os intervalos de confiança (IC) de 95% das variáveis antes da e durante
a pandemia. Para a comparação de grupos, sem ou com DCNT, estimaram-se as prevalências e razões de
prevalência bruta e ajustada (RPa) utilizando a regressão de Poisson. Resultados: Houve redução da prática
de atividade física (60% nos sem DCNT e 58% nos com DCNT) e do consumo de hortaliças (10,8% nos sem
DCNT e 12,7% nos com DCNT). Verificou-se aumento no tempo de uso de televisão e computador/tablet
(302 e 43,5% nos sem DCNT e 196,5 e 30,6% nos com DCNT, respectivamente); consumo de congelados
(43,6% nos sem DCNT e 53,7% com DCNT), salgadinhos (42,3% sem DCNT e 31,2% com DCNT) e
chocolate (14,8% sem DCNT). Durante a pandemia, portadores de DCNT apresentaram menor prática de
atividade física suficiente (RPa = 0,77; IC95% 0,65 – 0,92), maior hábito de assistir à televisão (RPa = 1,16;
IC95% 1,08 – 1,26) e menor consumo de hortaliças (RPa = 0,88; IC95% 0,81 – 0,96). Conclusão: Evidenciou-se
que adultos com DCNT tiveram seus estilos de vida mais alterados durante a pandemia de COVID-19.